E por todo esse tempo, me preocupei tanto em cuidar de você e esqueci que eu tinha um coração no meu peito. Tão ocupada em fazer você feliz, evitando que você percorresse caminhos difíceis demais , que tivessem muitas pedras e espinhos, cuidando eu mesma de trilhá-los, muitas vezes me arranhando, caindo, me machucando. E nesses muitos tombos, tratava de levantar rápido sem ao menos olhar se meus joelhos estavam sangrando, afinal o que importava era a longa estrada que ali estava e devia ser percorrida e quem sabe até houvesse um pote cheio, não de ouro, mas de felicidade, a nossa espera.

E agora, quando olho pra trás, de fato existe uma longa estrada de chão, cheia de curvas e muita poeira, muitas lembranças, muita mágoa, pouca doação e reconhecimento. Quando olho pra frente, tentando ver o que realmente me espera, não consigo ver muita coisa. O fardo está ficando pesado e eu sinto muita dor.

Talvez eu deva apenas me contentar em olhar para as marcas e cicatrizes em meus joelhos e reconhecer meu próprio rosto num pedaço de espelho . Talvez não.