Não que eu odeie o velhinho. Vou contar um causo real da minha vida.

Bem, eramos crianças, eu e minhas irmãs. Meu pai era pobre ( não somos ricos hoje, ok ?), minha mãe não trabalhava, meu pai pagava a prestação de um imóvel, moravamos numa casa emprestada, estudávamos em escola pública e pra fechar bonito, tínhamos 6 cachorros, 3 cabritos, 3 galinhas e um galo, um gato. Veja que era complicado sustentar essa galera toda, levando em conta que havia apenas uma fonte de renda em casa: o salário do meu pai( que não era lá essas coisas). Isso em Curitiba, num bairro não muito afastado do centro da capital paranaense.

Minha tia solteira finalmente tinha encontrado um namorado, já estavam noivos. A família dele, que tinha grana, era de Ponta Grossa- PR e nos convidaram pra ir passar o natal lá com eles.

Meu futuro tio tinha uma irmã de 13 anos, eu tinha 12, minha irmã 11 e a outra 8.

Chegamos lá e os preparativos pra Ceia já tavam rolando. Me lembro bem , minha roupa incluia uma saia branca de bolinha azul, que alguém havia dado a peça do tecido pra minha mãe, e ela mandou fazer a saia ,que era horrorosa mas era nova , e eu vesti, pra esperar o velhinho.

O velhinho chegou. Gente, o que era aquilo ? Ele existia, era real e tava ali na nossa frente com o saco cheinho de brinquedos !

E começou a coisa. Ele chamava um a um pelo nome, afinal, ele conhece os desejos e sabe o nome de todo mundo no mundo inteiro.

Chegou a vez da irmã do futuro tio. Ela ganhou uma boneca que na época era A BONECA !
A caixa era enorme, a boneca era linda . As meninas conhecem ela até hoje. Era a boneca Meu bebê da Estrela. Era uma nota , cara pra caramba.

Bem, o Papai Noel lembra de todo mundo ( na teoria), em seguida ele devia entregar os nossos sonhos pro Natal. O meu e o das minhas irmãs.

Só que a porcaria do Papai Noel, entregou pra gente, apenas um pacotinho com alguns doces.

E eu consigo ver a cena nitidamente, apesar de muuuuuuuuitos anos, a minhã irmã do meio chorando incontrolável, inconsolável, sem entender, que porcaria era aquela , onde uns ganham um presentão, e outros apenas um saquinho com balas. Ela chorou a noite toda. E eu nunca consegui esquecer essa história.

Aí eu ouço aquela musiquinha:

seja rico ou seja pobre , o velhinho sempre vem ...



Tá aí. Natal é isso.